Thursday, February 02, 2006

Por uma sociedade axiomática

(Vamos dar uma de Quentin Tarantino)

Axioma:
do Lat. axioma + Gr. axíoma, opinião, dogma
s. m., proposição evidente;
proposição que não carece de demonstração;
máxima;
sentença.

Sociedade:do Lat. societate
s. f., reunião de pessoas que têm a mesma origem e pelas mesmas leis;
parceria, participação;
associação;
agremiação;
reunião de pessoas que se juntam para conversar, jogar, etc. ;
relações, convivência;
casa em que se reúnem membros de uma agremiação;
Zool., reunião de animais que vivem em estado gregário.
(Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx)

Bom.. Faz tempo que eu não escrevo nada pseudo-filosófico, então hoje eu vou gastar todo o crédito que eu ganhei durante este tempo.

Pelo começo. É fato que as sociedades como um todo funcionam baseadas em certas regras e preceitos. Estes podem variar dependendo da etnia que pegamos como exemplo, mas com certeza qualquer organização humana tem uma base de regras que a rege. Com o tempo, as sociedades pequenas começam a se comunicar umas com as outras, e essas regras começam a se misturar, e começam a seguir traços culturais muito fortes. Certas coisas como diversas religiões começam a pregar suas idéias de como as sociedades devem ser guiadas (porque as religiões fazem isso é assunto para outra grande polêmica). Mais importante do que isso, o tempo vai passando, e as novas gerações vão aprendendo sobre essas regras. Só que elas aprendem de forma incompleta.
É mais conveniente para o tutor explicar somente como as regras devem ser seguidas, e não a razão porque elas estão ali. Repetindo esta receita por tempo suficiente, chegamos a um ponto (que é o mais importante) em que as pessoas vivem seguindo certos preceitos muito antigos que elas nem sequer sabem porque foram instituídos in the first place. As sociedades atuais (falando do Ocidente, de um modo geral) trabalham em cima de regras que são literalmente "empilhadas" umas sobre as outras, sem fazer as correções necessárias. Por isto que encontramos tantas contradições que parecem à primeira vista insolúveis. A nossa própria capacidade de raciocínio está, em grande parte, nublada por regras contraditórias e muitas vezes inválidas.

Analisando de onde estas regras vieram, no caso da sociedade Ocidental, encontraremos uma fonte muito importante: A Igreja Católica Apostólica Romana (eu não tenho nada contra a igreja católica por definição. O caso é que históricamente esta instituição teve uma influência muito decisiva). Durante os últimos dois mil anos, estas pessoas encontraram uma fonte de poder muito grande em ditar e mexer nos costumes das pessoas como um todo. Eles são responsáveis, em grande parte, pelo "emplilhamento" de regras que nos rege até hoje. Para solucionar isto, vou invocar um personagem muito importante para esta discussão: Nietzsche. Ele (obviamente) se deu conta de tudo isto muito antes de mim, e viu uma coisa muito mais importante: Ele notou que se nós destituirmos a sociedade Ocidental dos valores "cristãos" aos quais ela está submetida, não sobraria nada! Todos os "valores", e a "moral" que nos comanda seria destruída. Muita gente, ao ler isto, perdeu a esperança e achou que não havia jeito para a humanidade. Estas pessoas se contentavam com uma vida sem sentido, sem propósito.

Acontece que não era esta a idéia de Nietzsche. Ele queria somente desnudar a sociedade de seus valores corrompidos, e, (agora que fica interessante), criar novos! Faz sentido termos uma sociedade que funcione com regras, mas temos que pensar cuidadosamente nestas regras, e não simplesmente conjurá-las em nome "do Espírito Santo, amém". E agora vem o clímax do argumento, na minha opinião. A questão está em quão fundo temos que ir para encontrar as regras "ideais". É necessário um grande esforço mental por parte de muita gente para que possamos chegar ao nível tão baixo que deve ser atingido para podermos desfazer o nó de preceitos que comanda nossa sociedade. E quando me refiro a muito baixo, significa questionarmos coisas até como "Não matarás" (Não estou dizendo que é certo matar o próximo. O que estou dizendo é que devemos saber exatamente _porque_ é errado fazer isto). Com estes "axiomas" (rá! eis o título deste post longo e chato) muito bem arquitetados e raciocinados, poderemos construir uma estrutura muito mais estável para o bom funcionamento da sociedade. O que irrita profundamente é que, quando a grande maioria das pessoas se dá conta do quão fundo temos que procurar, elas simplesmente desistem e decidem assistir à novela das oito. Holy, acho que este foi um dos posts mais longos que eu já escrevi...
--- Seção "Do dia" ---

Música do dia:
Eric Clapton - I Shot the Sheriff

Piada do dia:
Fato imbecil do dia:
Frase do dia:
"The masses seem to me worthy of notice in only three respects: first as blurred copies of great men, produced on bad paper with worn plates, further as a resistance to the great, and finally as the tools of the great; beyond that, may the devil and statistics take them."
-Friedrich W. Nietzsche