Sunday, July 05, 2009

My money where my mouth is

Bom, eu terminei o último post, super otimista, me referindo a me atirar porta fora de um avião. Só em caso de que vocês achassem que eu estava usando fazendo algum tipo de metáfora meia-boca,

That's me, alright.

Pra que esperar o avião pousar, quando é muito mais fácil se jogar dele? Enfim, à história:
O Jacob, carinha do barco emprestado, foi Skydiving semana passada, e ficou falando como é fantástico e tudo mais. Daí eu resolvi me informar e motivar a gurizada por aqui para ir junto. Skydiving é sempre uma daquelas coisas que a pessoa fica dizendo "Eu queria pular de pára-quedas pelo menos uma vez na vida... ", então na hora que a oportunidade se joga na tua cara, tem que ir atrás né. No final das contas quem se animou a ir foi o John, a Manú e eu.
Então, tem esse aeroporto no meio do nada (fica a uns 30, 35km a Oeste de SLC), numa cidadezinha ultra rural chamada Tooele (se pronuncia Tuíla, vai entender). Esse aeroporto é tipo do tamanho do Aeroclube aí de Belém (Novo? Velho?). Daí tem um hangarzinho onde fica o Skydive Utah!, a empresa que reserva os pulos. Eu reservei três no meio da semana, para domingo, torcendo que não fosse chover (porque tinha 30% de chance de thunderstorms, segundo a previsão do tempo). A coisa toda nem é tão assustadora, pensei eu. Só que toda vez que isso passava na minha cabeça entre quarta e hoje, eu pensava whoa, eu vou pular pra fora de um avião. Now that's not something you think every day.
Hoje, pegamos o carro e fomos até lá. O lugar é bem tri, é um hangar minúsculo no meio do aeroporto. O avião nem cabe no hangar, o que fica dentro é o equipamento das pessoas e tal. Daí, te botam a ver um videozinho sobre como "Skydiving tem riscos inerentes, e se você assinar isso isso e aquilo, você está abrindo mão de processar a gente, basicamente, por qualquer coisa, basicamente, pra sempre.". A parte mais bizarra é que o magrão que fala no vídeo é um cara com uma barba gigante, que eu nunca ia sonhar que ia pular de pára-quedas.
Depois disso, eles te check-in no próximo vôo, e o teu instrutor vem puxar papo, se apresentar, e te explicar como a coisa funciona. O meu instrutor era o Cliffton, que, segundo ele "I'm the guy who's gonna save your life". Good. Daí eles explicam as três coisas básicas do pulo:

- Bellybutton
A idéia é que quando tu pula pra fora da cabine, tu tem que se jogar barriga pra frente, cabeça pra trás e pernas pra trás. Então eles dizem jump bellybutton forward.
- Breathe
"Breathing is very important!". Segundo eles, as pessoas ficam tão enlouquecidas que se esquecem de respirar na hora do pulo. E, saindo de um avião voando a 120, 130mph, e se jogando a 110mph pra baixo, respirar não é trivial. A manha é respirar ou pelo nariz (por isso que eu não tou "sorrindo" nas fotos; senão eu ia me afogar em 110mph de ar voando e se jogando na minha cara), ou respirar pelos dentes.
- Banana
Depois que tu pula, e que o instrutor estabiliza o teu "vôo" (conta como vôo se tu tá em queda livre? Huh), ele abre um mini pára-quedas chamado Drogue Parachute, que serve pra limitar a tua velocidade pra 110mph, e pra fazer com que tu fique estável e no mesmo nível do cameraman. Depois disso, o instrutor fala pra pessoa se entortar com as pernas dobradas pra cima e os braços abertos, na posição bacana clássica de paraquedismo. Hence the banana.

Então, depois que o instrutor me explicou os procedimentos, ele falou que em 10 minutos eu ia esquecer tudo, e que era pra eu me preocupar em me divertir que ele tomava conta do resto. Sounds good enough. Daí eu vesti a harness, que é só um esquema que engata na harness do instrutor, e ele que tem os pára-quedas. Meio assustador que eu não tenho meu próprio pára-quedas, but what the hell. Botando o pé pra dentro do avião é a hora que tu pensa "agora vai ou racha". Eu fui.
No caminho, várias piadas sobre dois caras abraçadinhos ("this is the only time you want to be strapped to another man", "Have you ever been to prison? This is what it feels like", and so on), e o avião vai subindo. E subindo. E subindo. 13000 pés num jato, sentado na poltrona comendo amendoim é uma coisa. Voando num bimotorzinho, com a porta aberta, sabendo que em alguns minutos tu vai sair dele pelo jeito mais complicado possível, something else altogether. Detalhe: são 13000 pés AGL (ou seja, acima do solo, não acima do nível do mar).
Daí. Chega uma altitude que o avião nivela, e começa a andar mais devagar. Nessa hora todos os instrutores dão aquela olhada de "are you ready, because if you're not it's too late", e uma luz vermelha na cabine acende que diz, em letrinhas bem amigáveis "One minute". Depois disso, uma luz amarela acende, e depois disso a verde, e a coisa começa. Os carinhas que vão fazer os filmes e tirar as fotos pulam um pouquinho antes, e mal eu me dei conta, eu era o primeiro a sair! A coisa toda é tão rápida que nem dá tempo de mudar de idéia. De repente tu tá na frente da porta, "Ready? Set... Go!!" WHOOOOSH

- Bellybutton; check
- Breathe; check
- Banana; check

Depois que o mundo parou de girar em volta de mim, eu consegui olhar pra lá e pra cá. A vista é absolutamente inacreditável. Um dos caras que foi semana passada já tinha me avisado, mas vale repetir: o cérebro humano não foi feito para processar uma visão de 4000m de altitude. Parece o google maps! O sujeito perde totalmente a noção de relevo no chão, e nem parece que tu tá caindo. In fact, a sensação como um todo definitvamente não é de queda livre, porque sempre tem uma ventania dos infernos. Isso tudo dura mais ou menos 1 minuto, que tu te ocupa fazendo todo tipo de piruetas e gritando que nem um condenado. Daí, o instrutor abre o pára-quedas, e todo o barulho pára. Na hora. O silêncio é bem impressionante.
Depois de apreciar a vista de novo, mais umas piruetas. A coisa mais tri é que como tu usa um daqueles pára-quedas retangulares, dá pra manobrar bem fácil (tem uma cordinha na tua mão esquerda e uma na direita, tu puxa a que tu quer pra fazer curvas). Depois de uns 4, 5 minutos disso, o chão começa a chegar perto. Rápido. Cliffton says "When we land everything happens really fast; don't let that freak you out". Mas nem é tão horrível assim. O pouso é bem mais suave do que eu tava pensando, na verdade. Then suddenly it's over and you're back down. Aí é que dá a tremedeira nas pernas. É só nessa hora que o cara pensa "Bá, eu acabei de me jogar de um avião a 4km de altitude no meio do nada com um pedaço de papel pra me segurar." Claro que descrevendo assim nem parece tri. Mas é fantástico. Nas palavras do Ferris Bueller, "It is so choice. If you have the means, I highly recommend picking one up."

Comentário pertinente: Agora que eu embarquei em mais aviões do que eu desembarquei, que que eu posso fazer pra compensar?

As usual, pictures on Flickr.

2 Comments:

Blogger João Ricardo said...

compre um aviao de caixao! e te enterra dentro dele
nub =D!!!! E MTU BOA A TUA CAMISA HEHEHEHEHHEHE!

PS: EU JAH SABIAAAAAAAA nooobs ^^

11:36 PM  
Blogger Luiz Scheidegger said...

Hmm, that don't work! Eu preciso desembarcar de um avião sem ter embarcado nele. Cannonball man it is, mira num avião e era isso!

11:41 PM  

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