Royale with Cheese
"-You know what the funniest thing about Europe is?
-What?
-It's the little differences. I mean they got the same shit over there that they got here, but it's just, just there it's a little different.
-Example.
-Alright, well you can walk into a movie theater and buy a beer. And, I don't mean just like a paper cup, I'm talking about a glass of beer. And, in Paris, you can buy a beer in McDonald's. You know what they call a Quarter Pounder with Cheese in Paris?"
Êêêê tecnologia heim, vou te contar. Sentado no lobby do hotel e escrevendo para todos os meus queridos (e ultimamente fantasmas) leitores. Não vou ser o primeiro da família a dizer que São Paulo fede. Mas é verdade! Tem alguma coisa no ar... um haze, uma sujeira que permeia tudo e não levanta nunca. De noite (ou madrugada), o céu não fica bem escuro, acho que por causa das luzes refletindo na poluição.. (The night sky was the color of television, tuned to a dead channel).
É impressionante que o centro daqui é igualzinho ao centro de POA, exceto as little differences: uma rua que em Porto Alegre mal dá pra passar um carro tem a sua equivalente aqui mais larga que a Nilo Peçanha (e é, por sinal, onde fica o hotel). A impressão que passa dessa cidade é que é alguma coisa que já foi residencial, já teve aquelas maravilhas da época café-com-leite, mas hoje foi tomada por carros, carros e carros. Tudo que eu vi até agora é comércio: hotéis, cinemas, shoppings, galerias, lojas, botecos, camelôs, ad infinitum.
As pessoas têm a típica cara de índio + português (não estou fazendo juízo moral nenhum, pelo contrário, têm paulistas muito bonitas). Mas é muito engraçado, porque pra qualquer lugar que eu olho eu vejo Martim+Iracema, padres jesuítas, cafeicultores e industriários (SIM, eu sou um vestibulando muito, mas muito! chato). É estranho que a gente sempre estuda as tendências de geografia e história nos livros, mas tudo adquire uma certa.. perspectiva.. quando tu de fato _vê_ um retirante nordestino trabalhando como servente em geral (de novo, nenhum juízo de moral, só uma observação), ou se depara com igrejas e construções altamente coloniais.
De resto, é algo desesperadoramente igual. Pra achar aquelas coisas que definem um paulista como paulista (e, acho que se fossem eles pra POA, que define um gaúcho como um gaúcho), eu teria que ir mais fundo pra dentro da cidade que o tempo me permite (mas não a vontade, eu adorei essa história de viajar por aí)... Porque convenhamos, por mais que a gente se considere gaúcho até a unha, é difícil ver alguém pilchado tomando chimarrão no saguão do Iguatemi...
As ruas têm nomes ou absolutamente portugueses ou absolutamente índios: Feliciano Maia, Ipiranga, Ibirapuera, e o diabo-a-quatro-puera..
Pra terminar... é meio triste ver que a imagem do brasileiro per se, aquela que o país exporta, está aqui, no meio do café-com-leite, e não na nossa provinciazinha do sul. Fere nosso orgulho maragato... Eu acho que os gaúchos vão acabar se resignando a ser o que realmente são (e eu incluso): Uns chatos que sempre reclamam do país, mas na verdade só existem pra afastar os castelhanos do verdadeiro centro do Brasil. Porque make no mistake, as coisas que acontecem (por mais que doa no nosso orgulho gaúcho), acontecem por aqui, e não num cantinho god-forsaken do país que a gente chama de Rio Grande do Sul.