Thursday, March 02, 2006

Soberania Nacional


(perdoem a falta de acentos, eu ainda estou negocioando o layout do teclado com o Linux...)

George W. Bush esta na India assinando um acordo com o governo de la, sob os termos do qual os EUA ganharah direito de inspecionar 22 das 30 instalacoes nucleares que a India esteve desenvolvendo durante os ultimos anos (nao sei exatamente se este eh o numero exato de instalacoes, mas a ordem de grandeza eh por ai). Em troca, a India passa a poder comprar combustivel nuclear (alguem sabe exatamente o que eh isso?) e passa a poder importar tecnologia dos EUA para produzir energia nuclear. `A primeira vista isto parece bom (em se tratando de tecnologia nuclear eh sempre bom saber que alguem estah fiscalizando, seja quem for). Entretanto, surge a questao das 8 usinas que permanecem fora da fiscalizacao. Eh moralmente errado para um pais querer salvaguardar suas instalacoes? Outras nacoes tem o direito de fiscalizar assuntos de seguranca interna? Eu acredito que esta questao nao tem resposta, porque se baseia em um conceito que jah deveria ser muito ultrapassado: o conceito de Estado Nacional Soberano (o nome eh desnecessariamente grande, mas eu acho muito bonito, apesar de tudo...)

Por um lado (o lado dos Indianos), ha o direito de soberania sobre o proprio territorio, e a alegacao de que a India nao fiscaliza nada dentro do territorio americano. Isto tudo eh muito bonito, mas podemos com certeza dizer que, caso a India decidisse lancar um ataque nuclear sobre, say, o Brasil, nos teriamos o direito de fiscaliza-los! Isto porque eles estariam tomando uma decisao (a de atacar) que afeta o funcionamento interno do nosso pais. Eu acredito que estes dois argumentos estao corretos. Ou melhor, os dois estao errados. Eles se baseiam em "direitos" que a cultura (neste caso da humanidade como um todo) considera inalienaveis, tais como a sonhada soberania nacional.

Nacoes, como entidades independentes de agrupar e controlar pessoas, funcionavam muito bem quando as coisas eram menores; quando decisoes "internas" afetavam somente as pessoas "internas". Hoje em dia, entretanto, uma medida de salvaguarda `a agricultura americana pode destruir plantacoes no Brasil, e a febre aftosa no norte da Argentina aumenta os precos de carne na Franca. A internet permite que nos comuniquemos com o mundo todo instantaneamente, e armas de destruicao em massa permitem que nacoes aniquilem umas as outras de modo rapido e eficaz. Quase nao existem mais decisoes nacionais que afetam somente o pais que as tomou. Portanto, paises nao condizem mais com o funcionamento do mundo atual. Isto eh um exemplo pratico daquilo que eu falava em um post recente, de que nossos valores nao sao bem estruturados para vivermos como vivemos. As pessoas jah se comportam quase como se paises nao existissem, mas nos persistimos em encitar o "patriotismo" como sendo valor indispensavel para a construcao de uma pessoa cidadahn (tentem entender o hn como um til). Enquanto continuarmos tentando resolver problemas "internacionais" e nao problemas "intramundiais" (que coisa feia), este tipo de contradicao (vis-a-vis o caso da India) vai surgir, e sera insoluvel. O problema eh que reeducar o mundo inteiro para aceitar que paises nao fazem sentido eh algo muito complicado, e as pessoas em geral sao ociosas demais para faze-lo

Um porem importante: Entendam que eu sou contra a disposicao de fronteiras arbitrarias e governos pseudo-fragmentados. Diversidade cultural eh algo totalmente diferente. Internamente (dentro da minha cabeca) eu acredito que a cultura serah um dia um empecilho para o desenvolvimento social. Mas este dia estah muito, muito distante. Por enquanto eh mais facil organizar melhor a ONU, ou criar algum orgao substituto (da mesma forma que a ONU em si substituiu a fracassada Liga das Nacoes) que possa eficientemente governar a Terra como um todo. Pois assim seria muito facil proibir, no mundo inteiro, a construcao de armas nucleares, e o "metagoverno" teria direito de fiscalizar o seu unico grande pais.

Depois disso, comecemos "planificando" as culturas, mas aih vao me chamar de comunista e me enforcar em praca publica. Too bad...

(de novo, peco que perdoem a falta de acentos. Eu sei que o texto fica muito, muito feio sem eles :( )
--- Seção "Do dia" ---

Música do dia:
Yes - Yours is no Disgrace

Piada do dia:
Fato imbecil do dia:
Passei um bom pedaco da tarde me aventurando com meu primo pelo Campus central da UFRGS para fazer minha carteirinha. Foi engracao, porque parecia quest de jogo de RPG. A gente falava com uma pessoa, que nos mandava pra um lugar, dai a gente falava com o proximo que nos mandava pra outro lugar, etc. Isto tudo foi capitulado com uma espera de mais ou menos uma hora na fila pra pegar a carteirinha. Pelo menos a companhia estava deveras agradavel, nao eh mesmo? :)
Frase do dia:
"He who fights with monsters might take care lest he thereby become a monster. And if you gaze for long into an abyss, the abyss gazes also into you."
-Friedrich W. Nietzsche (esse cara eh o cara)

3 Comments:

Blogger Paulo Becker said...

Eu não sei até que ponto concordo com a tua idéia de planificar as culturas. Sem querer soar piegas, acho que a diversidade cultural da Terra é algo maravilhoso que deve ser cultivado. É claro que tem aqueles que não possuem capacidade de conviver pacificamente com os outros; estes, infelizmente, devem ser exterminados (ou isolados, se possível).

12:19 AM  
Blogger Adriana PS said...

Quanto a ser mandado de um lado para o outro..."bem vindo a uma instuição pública" pra ti :)

1:01 AM  
Blogger Felipe Rijo said...

Antes de qualquer coisa, é 'incitar', e não 'encitar' :P

A idéia de um governo mundial só funciona em seriados de ficção científica, tipo Star Trek. Nenhum país entregaria voluntariamente o controle de sua população e recursos. Tome qualquer tentativa de separatismo ou anexação como exemplo. Por menor que seja o pedacinho de terra, todos ficam agarrados com unhas e dentes.

E sobre a padronização da cultura, também é uma coisa que não funcionaria. Por mais que toda a cultura mundial fosse aniquilada do mapa, e todos começassem a falar um novo idioma padrão, em menos de 2 gerações já haveriam surgido incontáveis dialetos e maneirismos regionais, ergo culturas diferenciadas.

2:26 PM  

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