A Síndrome do Futebol de Robô
(Incidentalmente, esse robozinho é o carinha que disse "My mind is the size of a planet, and they have me parking cars for an eternity". Ele _também_ disse "Life? Don't talk to me about life". Mas que seja).
Para o caso pouco provável de que alguém ainda lê o que eu escrevo por aqui, eu pensei numas coisinhas interessantes pra escrever sobre uma coisa que me irrita muito no jeito que as pessoas tratam a ciência de um modo geral. Eu noto que o problema não é (pelo menos neste caso) gente acreditando em fatos pseudo-científicos; o que acontece é que as pessoas são "seduzidas" por um lado muito superficial do que mostram pra elas como sendo "ciência", e acabam esquecendo do motivo verdadeiro pelo qual ela existe.
Esses dias eu estava lendo a Zero-Hora, e me deparei com várias propagandas da Globaltech (para quem não é daqui de Porto Alegre: A Globaltech é uma feira de "ciência e tecnologia" que aparentemente se monta todo ano na FIERGS para mostrar "as novidades da tecnologia para todas as pessoas". A propaganda era da seguinte forma: Uma página inteira do jornal era dedicada a mostrar uma imagem feita por computador (bem mal-feita, diga-se de passagem) de um prédio aparentemente flutuante, sobre um terreno de um tom vermelho marciano, com carros futuristas estacionados, e no céu destacadas várias luas e anéis planetários. A propaganda anunciava como se fosse venda de um apartamento em Saturno, ou algo equivalente. Outra manifestação deste absurdo foi outra propaganda da Globaltech que se mostrava como sendo de uma revendedora de carros, e supostamente estava vendendo um veículo mirabolante que seria capaz de voar e andar a milhares de quilômetros por hora. Ora, convenhamos: Os criadores dos Jetsons já cometeram este erro há 40 anos: As empregadas de hoje em dia _não_ são robotizadas, nós _não_ andamos em carros voadores que se transformam convenientemente em maletas, e _não_ moramos em prédios sustentados por finas colunas no alto do céu. Mas entre a Globaltech e os Jetsons há uma pequena, mas significativa diferença: Um é um desenho animado, que não se leva a sério. O outro é uma feira de ciência e tecnologia.
O cerne da questão está no fato de que, com o passar do tempo, a imbecilidade virou regra. Passou a ser fashionable ser burro e não educado, especialmente nas "artes arcanas da Academia". Mas a ciência continuou existindo, correndo escondida do grande público, e paralelamente a estupidificação em massa da população. O verdadeiro progresso e pensamento científico começou a distanciar-se cada vez mais do dia-a-dia das pessoas, já que desde o final do século XIX, deixou de ser moda ser inteligente. Agora, não vale dizer que as pessoas se afastaram da ciência porque ela se tornou mais difícil de entender com o passar dos tempos. Perguntem para algum contemporâneo de Newton se ele entendia o Principia Mathematica. Poucos de fato sabiam do que se tratava, e hoje um pouco disso dinâmica é considerado um assunto trivial dado (ou deveria ser) em cursos de Física do Ensino Médio. O fato é que, por algum motivo, a ciência boa e verdadeira deixou de ser interessante para a população em geral.
Feiras como a Globaltech não são uma má idéia, por definição. O problema está no fato de que, ao invés de tentarem uma mudança de mentalidade mais radical nas pessoas, para passar a interessá-las no verdadeiro conhecimento científico, as pessoas contratam propagandistas que se especializam em "maquiar" conceitos inovadores em faces bonitinhas que atraiam o público leigo. Eu não estou dizendo que uma boa didática não seja necessária para se ensinar e despertar o interesse em ciência. Muito pelo contrário, uma boa capacidade de ensino é uma habilidade essencial, e que também falta nos dias de hoje. O que acontece, entretanto, é que visitantes da Globaltech, por exemplo, entram lá e _esquecem completamente_ que aquilo que eles estão enxergando é uma simplificação grosseiríssima do que está por trás daqueles trabalhos. Combinando isto com frontmen completamente reclusos que são absolutamente incapazes de expor adequadamente seu trabalho diante de seus stands na feira, temos configurado um desastre científico que só contribui para alienar as pessoas ainda mais e para fazê-las pensar que em 20 anos estaremos de fato andando em carros-malas voadores.
Eu me lembro de uma vez ano passado, quando visitei a Globaltech, que havia um stand demonstrando coisinhas "bonitinhas" que se podia fazer com Computação Gráfica. O trabalho de longe mais interessante, que envolvia a simulação realista de tecidos em tempo real (e provavelmente o trabalho mais complexo dali) ficava escondido por trás do [sarcasm]ó-meu-deus ultra-maravilhoso[/sarcasm] editor 3d de "realidade virtual". Quando eu fui perguntar pro rapaz que cuidava do lugar sobre um mínimo mais de detalhes sobre a simulação, ele ficou hesitante, falou alguma coisa traduzível para "tu não tem cara de entender o suficiente para prestar a minha explicação" e foi responder a pergunta de alguém, que ia pelas linhas de "Usaram isto no Shrek?". Entendam a minha frustração, portanto, em ver coisas verdadeiramente bonitas, verdadeiramente complicadas, verdadeiramente merecedoras de crédito acadêmico (como uma _feira de ciências_ deveria mostrar) sendo mascaradas por um filme de Hollywood.
Sobre o futebol de robôs: Está longe de mim a intenção de desmerecer o trabalho daqueles que desenvolveram o robô, ou os algorítmos de inteligência artificial que governam seus movimentos e etc. Muito antes pelo contrário. É o trabalho _destas_ pessoas que eu quero ver recompensado. Mas eu quero ver recompensado _de verdade_, quero ver gente entendendo mesmo o que se passa no desenvolvimento de um autômato, gente respeitando a dificuldade de se programar uma simulação de tecidos, e não simplesmente gente olhando pro Aibo e dizendo "Olha que bonitinho, ele pede carinho!". Aposto que de todas as pessoas que estavam olhando o campeonato de robôs avidamente, menos de 10% continuaria igualmente interessado se os programadores se propusessem a fazer um workshop onde eles explicariam com mais afinco as dificuldades e partes interessantes de se fazer um sistema desses. Ninguém precisa _gostar_ de ciência, mas o que é inadmissível são pessoas mantendo conversas "instruídas" sobre ciência e tecnologia, mas que não falam nada além de "tu viu o robô que foi pra final em Tokyo ano passado", ou "tu sabia que o novo processador da AMD se chama AH69000256.444 e tem 15358467 instruções?".
A síndrome do futebol de robô é um nomezinho bonito que eu achei que se aplica a este fenômeno de "emburrecimento" da ciência que fazem pra que ela seja compatível com pessoas burras, ao invés de fazer um "inteligencimento" das pessoas para que _estas_ sejam compatíveis com a ciência inteligente. Claro, transformar gente burra em gente não burra é um problema bem mais complicado. Outra coisa que acontece muito é quando alguém de dentro do meio acadêmico (ou que se intitula assim) sofre deste emburrecimento crônico, e isso eu chamo de "Mentalidade curso técnico".
E finalmente, falar um pouco sobre didática. O que acontece muitas vezes é que as pessoas que se dedicam à ciência "hardcore" acabam se afastando do núcleo da sociedade, a quem eles devem servir, e simplesmente desistem de manter uma boa capacidade comunicativa, e uma sólida rede social. E isto é tão abominável quanto a síndrome discutida acima. Um cientista que "desiste" de ser sociável, porque acha que isto é desnecessário, que abandona as tentativas de conseguir explicar seu trabalho para pessoas não-especialistas sem "prostituir" sua pesquisa numa Globaltech da vida está cometendo uma falha igualmente grave. É necessário que a vontade e a capacidade instrutiva estejam presentes sempre, para que todos possam entender do jeito _certo_ a coisa _certa_ que está sendo feita por trás das imponentes colunas de mármore da grande e assustadora Academia. [slap]ou seja: ser antisocial e recluso não justifica estar cursando Ciência da Computação ou Matemática ou Física ou Engenharia. duh. Nós _não_ somos melhores que os outros só porque sabemos fazer diferenciação[/slap]
--- Seção "Do dia" ---Para o caso pouco provável de que alguém ainda lê o que eu escrevo por aqui, eu pensei numas coisinhas interessantes pra escrever sobre uma coisa que me irrita muito no jeito que as pessoas tratam a ciência de um modo geral. Eu noto que o problema não é (pelo menos neste caso) gente acreditando em fatos pseudo-científicos; o que acontece é que as pessoas são "seduzidas" por um lado muito superficial do que mostram pra elas como sendo "ciência", e acabam esquecendo do motivo verdadeiro pelo qual ela existe.
Esses dias eu estava lendo a Zero-Hora, e me deparei com várias propagandas da Globaltech (para quem não é daqui de Porto Alegre: A Globaltech é uma feira de "ciência e tecnologia" que aparentemente se monta todo ano na FIERGS para mostrar "as novidades da tecnologia para todas as pessoas". A propaganda era da seguinte forma: Uma página inteira do jornal era dedicada a mostrar uma imagem feita por computador (bem mal-feita, diga-se de passagem) de um prédio aparentemente flutuante, sobre um terreno de um tom vermelho marciano, com carros futuristas estacionados, e no céu destacadas várias luas e anéis planetários. A propaganda anunciava como se fosse venda de um apartamento em Saturno, ou algo equivalente. Outra manifestação deste absurdo foi outra propaganda da Globaltech que se mostrava como sendo de uma revendedora de carros, e supostamente estava vendendo um veículo mirabolante que seria capaz de voar e andar a milhares de quilômetros por hora. Ora, convenhamos: Os criadores dos Jetsons já cometeram este erro há 40 anos: As empregadas de hoje em dia _não_ são robotizadas, nós _não_ andamos em carros voadores que se transformam convenientemente em maletas, e _não_ moramos em prédios sustentados por finas colunas no alto do céu. Mas entre a Globaltech e os Jetsons há uma pequena, mas significativa diferença: Um é um desenho animado, que não se leva a sério. O outro é uma feira de ciência e tecnologia.
O cerne da questão está no fato de que, com o passar do tempo, a imbecilidade virou regra. Passou a ser fashionable ser burro e não educado, especialmente nas "artes arcanas da Academia". Mas a ciência continuou existindo, correndo escondida do grande público, e paralelamente a estupidificação em massa da população. O verdadeiro progresso e pensamento científico começou a distanciar-se cada vez mais do dia-a-dia das pessoas, já que desde o final do século XIX, deixou de ser moda ser inteligente. Agora, não vale dizer que as pessoas se afastaram da ciência porque ela se tornou mais difícil de entender com o passar dos tempos. Perguntem para algum contemporâneo de Newton se ele entendia o Principia Mathematica. Poucos de fato sabiam do que se tratava, e hoje um pouco disso dinâmica é considerado um assunto trivial dado (ou deveria ser) em cursos de Física do Ensino Médio. O fato é que, por algum motivo, a ciência boa e verdadeira deixou de ser interessante para a população em geral.
Feiras como a Globaltech não são uma má idéia, por definição. O problema está no fato de que, ao invés de tentarem uma mudança de mentalidade mais radical nas pessoas, para passar a interessá-las no verdadeiro conhecimento científico, as pessoas contratam propagandistas que se especializam em "maquiar" conceitos inovadores em faces bonitinhas que atraiam o público leigo. Eu não estou dizendo que uma boa didática não seja necessária para se ensinar e despertar o interesse em ciência. Muito pelo contrário, uma boa capacidade de ensino é uma habilidade essencial, e que também falta nos dias de hoje. O que acontece, entretanto, é que visitantes da Globaltech, por exemplo, entram lá e _esquecem completamente_ que aquilo que eles estão enxergando é uma simplificação grosseiríssima do que está por trás daqueles trabalhos. Combinando isto com frontmen completamente reclusos que são absolutamente incapazes de expor adequadamente seu trabalho diante de seus stands na feira, temos configurado um desastre científico que só contribui para alienar as pessoas ainda mais e para fazê-las pensar que em 20 anos estaremos de fato andando em carros-malas voadores.
Eu me lembro de uma vez ano passado, quando visitei a Globaltech, que havia um stand demonstrando coisinhas "bonitinhas" que se podia fazer com Computação Gráfica. O trabalho de longe mais interessante, que envolvia a simulação realista de tecidos em tempo real (e provavelmente o trabalho mais complexo dali) ficava escondido por trás do [sarcasm]ó-meu-deus ultra-maravilhoso[/sarcasm] editor 3d de "realidade virtual". Quando eu fui perguntar pro rapaz que cuidava do lugar sobre um mínimo mais de detalhes sobre a simulação, ele ficou hesitante, falou alguma coisa traduzível para "tu não tem cara de entender o suficiente para prestar a minha explicação" e foi responder a pergunta de alguém, que ia pelas linhas de "Usaram isto no Shrek?". Entendam a minha frustração, portanto, em ver coisas verdadeiramente bonitas, verdadeiramente complicadas, verdadeiramente merecedoras de crédito acadêmico (como uma _feira de ciências_ deveria mostrar) sendo mascaradas por um filme de Hollywood.
Sobre o futebol de robôs: Está longe de mim a intenção de desmerecer o trabalho daqueles que desenvolveram o robô, ou os algorítmos de inteligência artificial que governam seus movimentos e etc. Muito antes pelo contrário. É o trabalho _destas_ pessoas que eu quero ver recompensado. Mas eu quero ver recompensado _de verdade_, quero ver gente entendendo mesmo o que se passa no desenvolvimento de um autômato, gente respeitando a dificuldade de se programar uma simulação de tecidos, e não simplesmente gente olhando pro Aibo e dizendo "Olha que bonitinho, ele pede carinho!". Aposto que de todas as pessoas que estavam olhando o campeonato de robôs avidamente, menos de 10% continuaria igualmente interessado se os programadores se propusessem a fazer um workshop onde eles explicariam com mais afinco as dificuldades e partes interessantes de se fazer um sistema desses. Ninguém precisa _gostar_ de ciência, mas o que é inadmissível são pessoas mantendo conversas "instruídas" sobre ciência e tecnologia, mas que não falam nada além de "tu viu o robô que foi pra final em Tokyo ano passado", ou "tu sabia que o novo processador da AMD se chama AH69000256.444 e tem 15358467 instruções?".
A síndrome do futebol de robô é um nomezinho bonito que eu achei que se aplica a este fenômeno de "emburrecimento" da ciência que fazem pra que ela seja compatível com pessoas burras, ao invés de fazer um "inteligencimento" das pessoas para que _estas_ sejam compatíveis com a ciência inteligente. Claro, transformar gente burra em gente não burra é um problema bem mais complicado. Outra coisa que acontece muito é quando alguém de dentro do meio acadêmico (ou que se intitula assim) sofre deste emburrecimento crônico, e isso eu chamo de "Mentalidade curso técnico".
E finalmente, falar um pouco sobre didática. O que acontece muitas vezes é que as pessoas que se dedicam à ciência "hardcore" acabam se afastando do núcleo da sociedade, a quem eles devem servir, e simplesmente desistem de manter uma boa capacidade comunicativa, e uma sólida rede social. E isto é tão abominável quanto a síndrome discutida acima. Um cientista que "desiste" de ser sociável, porque acha que isto é desnecessário, que abandona as tentativas de conseguir explicar seu trabalho para pessoas não-especialistas sem "prostituir" sua pesquisa numa Globaltech da vida está cometendo uma falha igualmente grave. É necessário que a vontade e a capacidade instrutiva estejam presentes sempre, para que todos possam entender do jeito _certo_ a coisa _certa_ que está sendo feita por trás das imponentes colunas de mármore da grande e assustadora Academia. [slap]ou seja: ser antisocial e recluso não justifica estar cursando Ciência da Computação ou Matemática ou Física ou Engenharia. duh. Nós _não_ somos melhores que os outros só porque sabemos fazer diferenciação[/slap]
Música do dia:
Kiss - Domino
Piada do dia:
Fato imbecil do dia:
Globaltech
Frase do dia:
"We live in a society exquisitely dependent on science and technology, in which hardly anyone knows anything about science and technology."
-Carl Sagan
7 Comments:
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(erro de ortografia no anterior, mas ai vai de novo)
As pessoas gostam da idéia de ser intelgiente, mas não estão dispostas a se esforçarem para obter conhecimento. Principalmente hoje em dia, que as pessoas tem tudo instantaneamente - inclusive entretenimento. Tudo é dado mastigado para elas, e assim aceitam qualquer coisa e falam qualquer bobagem e chamam de "teoria"/"inovação", etc.
É triste, mas o lugar onde mais se vê esse tipo de coisa é na universidade. Pessoas se dando tapinhas nas costas uma das outras por trabalhos rídiculos, que tem de tudo menos inovação ou ciência. E ainda têm a cara de pau de andar com ar de superioridade! Se não fosse triste seria engraçado.
droga...escrevi inteligente errado...não vou corrigir de novo :/
ZOMG FUTEBOL FUTEBOL FUTEBOL FUTEBOL FUTEBOL!!!!11
Numa considereação ligeiramente mais interessante que o espasmo acima, uma vez um cara me falou que universidades não funcionam porque nelas encontra-se uma configuração peculiar: pessoas que "têm o poder", os professores, "contra" aquelas que o vão ter no futuro, os alunos. E a história prova que poder é uma coisa que ninguém quer passar adiante (interprete "poder" não somente como político ou financeiro, mas como intelectual e científico também). Nossa, isso foi um monte de aspas.
eu ainda leio!
E concordo com a teoria... acho patético a forma como a tecnologia é empurrada para as massas... mas é o único jeito de se meter um pouco de cultura na cabeça do povo.
Conhecimento é a mais poderosa forma de um líder exercer poder, segundo John Kenneth Galbraith (em "Anatomia do Poder"). Ele também afirma que o poder de um líder requer legitimação, a qual depende exclusivamente dos liderados. A análise de Galbraith é bem mais profunda, mas só com essas duas "simples" constatações já dá pra expandir algumas coisinhas:
1. O poder de um líder totalitário é fraco; é por isso que ele só funciona exercido à força...
2. O poder de um líder cujo conhecimento é reconhecido pelos liderados é forte, e normalmente só é ameaçado por outro líder cujo conhecimento seja mais reconhecido.
O sr. Castro precisa de um exército para exercer o poder em Cuba, e mesmo assim os cubanos que podem fugir, fogem. O sr. Laden tem um exército mas não o usa para exercer seu poder; seu poder vem da legitimação que seu povo dá ao conhecimento que ele mostra. O poder da Igreja Católica vem despencando na proporção direta dos dogmas desmascarados para seus fiéis pelo acúmulo do conhecimento científico.
O conhecimento reconhecido pelos liderados não precisa ser científico (a menos que os liderados sejam também cientistas ou afins). A rigor, sequer precisa ser "real"; basta ser reconhecido pelos liderados. O conhecimento do sr. da Silva (ou, mais precisamente, sua ignorância reiteradamente manifestada por ele mesmo) legitima seu poder perante a turba de eleitores igualmente ignorantes.
O sr. Bush não é quem tem o maior poder nos EUA; muito do que ele fez precisou de outras forças para andar (guerras fora d casa e compra de votos dentro). Quem tem mais poder lá são os líderes que detêm o conhecimento mais reconhecido (os capitalistas que sabem como ganhar dinheiro).
Finalmente o caso universidade: O fracasso do modelo universitário brasileiro decorre do modelo corporativista e enviesado de desenvolvimento de conhecimento que lá se pratica. O "mérito" reconhecido no meio é o do número de "papers" e/ou citações (quantidade), INDEPENDENTE de haver ou não interesse da sociedade pelo assunto (qualidade). Isso é o oposto do que pratica, por exemplo, a Coréia do Sul, que adotou um modelo mais parecido com o norte-americano, onde o mérito depende do número de PATENTES outorgadas, por ser o tema pesquisado interessante para a sociedade. Novamente vê-se aqui o viés da questão LEGITIMAÇÃO do conhecimento: enquanto na terra brasilis o "conhecimento" dos doutos srs. universitários é reconhecido apenas corporativistamente (poder fraco, legítimo somente no âmbito interno, e autocrático perante os "de fora" - os alunos), nas nações civilizadas o reconhecimento - a legitimação do poder que o conhecimento tem - é dado ao conhecimento que se mostra útil à sociedade ao largo do ambiente acadêmico. A academia serve à sociedade, e não o inverso.
Concordo com o Felipe...
"acho patético a forma como a tecnologia é empurrada para as massas... mas é o único jeito de se meter um pouco de cultura na cabeça do povo."
Concordo quando tu diz não a reclusão e isolamento dos ciéntistas "hardcore"s...
O ruim é que a TODA a sociedade está ficando cada vez mais conformista com tudo. Seja na política, cultura e também na educação(entende-se "adquirir conhecimento"). Existe um processo de alienamento/emburrecimento da população constante, e esta deturpação da Globaltech contribuí muito para agravara este quadro.
Mas eu pergunto o que pode ser feito pra mudar isto?
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