Monday, November 28, 2005

Royale with Cheese

"-You know what the funniest thing about Europe is?
-What?
-It's the little differences. I mean they got the same shit over there that they got here, but it's just, just there it's a little different.
-Example.
-Alright, well you can walk into a movie theater and buy a beer. And, I don't mean just like a paper cup, I'm talking about a glass of beer. And, in Paris, you can buy a beer in McDonald's. You know what they call a Quarter Pounder with Cheese in Paris?"

Êêêê tecnologia heim, vou te contar. Sentado no lobby do hotel e escrevendo para todos os meus queridos (e ultimamente fantasmas) leitores. Não vou ser o primeiro da família a dizer que São Paulo fede. Mas é verdade! Tem alguma coisa no ar... um haze, uma sujeira que permeia tudo e não levanta nunca. De noite (ou madrugada), o céu não fica bem escuro, acho que por causa das luzes refletindo na poluição.. (The night sky was the color of television, tuned to a dead channel).

É impressionante que o centro daqui é igualzinho ao centro de POA, exceto as little differences: uma rua que em Porto Alegre mal dá pra passar um carro tem a sua equivalente aqui mais larga que a Nilo Peçanha (e é, por sinal, onde fica o hotel). A impressão que passa dessa cidade é que é alguma coisa que já foi residencial, já teve aquelas maravilhas da época café-com-leite, mas hoje foi tomada por carros, carros e carros. Tudo que eu vi até agora é comércio: hotéis, cinemas, shoppings, galerias, lojas, botecos, camelôs, ad infinitum.

As pessoas têm a típica cara de índio + português (não estou fazendo juízo moral nenhum, pelo contrário, têm paulistas muito bonitas). Mas é muito engraçado, porque pra qualquer lugar que eu olho eu vejo Martim+Iracema, padres jesuítas, cafeicultores e industriários (SIM, eu sou um vestibulando muito, mas muito! chato). É estranho que a gente sempre estuda as tendências de geografia e história nos livros, mas tudo adquire uma certa.. perspectiva.. quando tu de fato _vê_ um retirante nordestino trabalhando como servente em geral (de novo, nenhum juízo de moral, só uma observação), ou se depara com igrejas e construções altamente coloniais.

De resto, é algo desesperadoramente igual. Pra achar aquelas coisas que definem um paulista como paulista (e, acho que se fossem eles pra POA, que define um gaúcho como um gaúcho), eu teria que ir mais fundo pra dentro da cidade que o tempo me permite (mas não a vontade, eu adorei essa história de viajar por aí)... Porque convenhamos, por mais que a gente se considere gaúcho até a unha, é difícil ver alguém pilchado tomando chimarrão no saguão do Iguatemi...

As ruas têm nomes ou absolutamente portugueses ou absolutamente índios: Feliciano Maia, Ipiranga, Ibirapuera, e o diabo-a-quatro-puera..

Pra terminar... é meio triste ver que a imagem do brasileiro per se, aquela que o país exporta, está aqui, no meio do café-com-leite, e não na nossa provinciazinha do sul. Fere nosso orgulho maragato... Eu acho que os gaúchos vão acabar se resignando a ser o que realmente são (e eu incluso): Uns chatos que sempre reclamam do país, mas na verdade só existem pra afastar os castelhanos do verdadeiro centro do Brasil. Porque make no mistake, as coisas que acontecem (por mais que doa no nosso orgulho gaúcho), acontecem por aqui, e não num cantinho god-forsaken do país que a gente chama de Rio Grande do Sul.

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

"The night sky was the color of television, tuned to a dead channel." Não sei por que mas isso me parece citação do Snow Crash... É?

Por mais que o centro econômico/industrial/político do Brasil realmente seja a região Sudeste (ou não, Brasília fica onde mesmo? ¬_¬'), eu sempre achei que São Paulo é um estado meio "sem identidade". Pode ser só impressão minha já que eu nunca visitei o lugar, mas não tem nada que me venha à cabeça como estritamente 'paulista'. É como se uma grande massa de imigrantes e povos com diversos backgrounds tivessem se reunido, levado suas próprias tradições consigo, mas acabaram não criaram nada novo e único.

Só "meus dois centavos" :)

9:58 PM  
Anonymous Anonymous said...

Creio que todas as grandes cidades sofrem desse mal que "despersonaliza" suas urbes. Talvez seja mais fácil identificar alguns bairros típicos dentro da cidade do que a cidade em si.

Caetano descreve bem a sensação da primeira investida em São Paulo, e a letra daquela canção ainda é atual hoje.

Só sofrendo uma residência prolongada a gente consegue perceber melhor as belezas escondidas na cidade.

E pensar que quando teu vô chegou um dia em casa, lá pelo meio de 1967, e disse que íamos nos mudar da capital da garoa para uma tal de Porto Alegre, eu olhei pro teu pai e nos perguntamos: "-será que essa bosta existe no mapa?"

Se quiseres trabalhar: São Paulo
Se quiseres vadiar: Rio de Janeiro
Se quiseres viver: Porto Alegre

9:26 PM  
Blogger Felipe Rijo said...

São Paulo realmente tem um cheiro estranho. É poluição demais. E a nuvem marrom que paira em cima é uma coisa muito bizarra, é impossível não notar. Mas bom... São Paulo é onde as coisas acontecem... tem que aguentar o smog pra bombar!!!

9:57 PM  
Anonymous Anonymous said...

oi Filhote!
Como sempre me impressionei com o odo como escreves! Como é bom ler teus textos! São Paulo é isso aí mesmo! è preciso encontrar motivação para enfrentar tudo isso a cada 15 dias, mas eu a encontro nos teus olhos na volta. Adorei poder viajar contigo e poder acrescentar mais essa esperiência na tua vida. bjs mãe

7:23 PM  

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