Wednesday, September 28, 2005

(sem título)

Hoje aconteceram umas quantas coisas que me fizeram querer tocar em um assunto que há muito eu penso em escrever, mas como é um tanto cabeludo, eu sempre evitei. Mas vamos a ele:

Temos que tentar compreender o comportamento humano. Certo? Começemos pelo mais básico: as vontades e os anseios. Partirei do seguinte axioma: "toda e qualquer decisão tem como propósito final o prazer individual." Antes que me queimem e esquartejem (não necessariamente nessa ordem), sob acusações de maquiavelismo inescrupuloso, permitam-me que me justifique. Todas as decisões são egoístas, mas não há nada de errado nisto. Como não? Quando se doa um órgão, por exemplo (é agora o exemplo de maior 'altruísmo' que eu consigo imaginar), a atitude é linda, de uma humanidade indiscutível. O doador tomou essa decisão por egoísmo? Sim. Ele tomou esta decisão porque sua vontade particular dizia que ele deveria ver aquela pessoa feliz. Porque _ele_ ficaria feliz quando visse o outro contente. O órgão não foi doado _para_ ver o receptor saudável, mas vê-lo saudável causa felicidade no doador, o que justifica o ato (para quem doa). Precisamos fazer uma claríssima distinção entre causa e conseqüência (confundí-las é uma das maiores chagas da humanidade). Nem todas as atitudes egoístas devem resultar em danos para as outras pessoas, e aí está a beleza disso tudo.

Passada esta introdução, quero falar-vos um pouco, e de maneira pouco específica (não posso dar muitos detalhes porque são coisas que confiaram a mim), sobre o que me aconteceu para eu escrever este monte de bobagens sociológicas. Eu fui feito de idiota por dois amigos meus (não sei se intencionalmente) esses dias. Na verdade já faz um tempo, mas não vem ao caso, pois o assunto ressurgiu hoje. Basicamente, eu fiz uma coisa que ajudou muito uma pessoa. Eles também ajudaram esta pessoa, mas de forma...diferente. O que me irritou é que a ajuda deles foi devidamente reconhecida, e a minha, de igual importância, passou desapercebida. Chamem-me de hipócrita se quiserem, mas reconhecimento é importante para mim sim, e aposto que também é para todo mundo (só que tem gente que tem a cara dura de dizer "que não se importa com reconhecimento").

Agora é que vem a chave do negócio... Minha ajuda se torna menos "bonita" se eu queria algo individualista em troca? Ou, traduzindo, o doador de um rim, ao admitir que doou este órgão porque _ele_, individualmente, queria satisfação própria faz sua atitude ser menos louvável? Acho que não né.. a ajuda, assim como a doação, deve ser julgada pelo quão importante ela foi para quem recebeu (obviamente uma ajuda boa é aquela que melhora bastante a situação do outro), e não pelas intenções de quem a praticou.

Não me interpretem mal, though. Aqueles que são meus amigos sabem que, se necessário, eu vou me fazer de idiota mais milhões de vezes pra ajudá-los, mesmo sem reconhecimento. E, antes que digam que eu caí em contradição, explico: Vou ajudá-los porque quando eu faço isso eu tenho uma sensação prazerosa dentro de mim. O reconhecimento também é bom, mas esta sensação já basta para que eu faça a coisa "certa". Eu ajudo os outros porque EU gosto, e by the way, gosto mais ainda quando reconhecem. Então tratem de reconhecer!

Na finaleira... pode parecer meio que masoquismo me jogar em situações nas quais eu passo por idiota em prol de ajudar meus amigos, sem que eles fiquem sabendo. Mas eu gosto (individualmente e "egoísticamente") de olhar para eles e pensar "vocês dependem de mim, mesmo que não admitam ou nem sequer saibam".

Agora, como eu finalmente escrevi uma coisa polêmica que há muito queria botar, sintam-se à vontade de me xingar.
--- Seção "Do dia" ---

Música do dia: Frank Sinatra - Fly me to the Moon
Piada do dia:
Um cara está perdido na China, quase morrendo de fome e sede. Então ele avista, no alto de um morro, uma casinha solitária. Chegando lá ele bate na porta, e atende um monge chinês velho. Bem velho.
"Posso ajudá-lo?"
"Eu estou morrendo de fome! Posso jantar aqui e passar a noite?"
"Sim. Mas tenho que lhe pedir uma coisa. Você não pode encostar em minha filha, senão sofrerá os três castigos chineses."
"Bom, tudo bem. Pode deixar"
E ele entrou na casa. Tomou um banho e tudo mais, e, quando sentou-se na mesa de jantar, desce uma musa (insiram descrição de mulher aqui) das escadas da casa.
"Eis minha filha" disse o monge.
Bom. Não deu outra. O rapaz saiu de seu quarto durante a madrugada e passou a noite no quarto da filha do monge. Na manhã seguinte, de volta em sua cama, ele acordou com uma pedra gigante no peito, onde dizia "1o castigo chinês: pedra sobre o peito". Ele pegou a pedra (o rapaz era forte) e jogou pela janela, e a pedra começou a rolar morro abaixo. Nisso ele avistou uma corda no chão se desenrolando rapidamente, e leu o seguinte bilhete no chão "2o castigo chinês: testículo esquerdo amarrado à pedra". Desesperado, ele se jogou pela janela e saiu correndo morro abaixo atrás da pedra. Nisso, ele passa por um outdoor (sim, no coração da China) que diz "3o castigo chinês: testículo direito amarrado ao pé da cama.

Fato imbecil do dia: Eu me passo por idiota. E gosto!
Frase do dia: "Puxe a descarga com força; é um longo caminho até o Congresso Nacional."

8 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Faz um tempinho q eu nao venho neh?! mas prometo q comeco a vir d novo... nao acho que tu esteja errado, nao vou te xingar nem nada, pelo contrario, porque eu sou uma das pessoas que depende de ti, e assumo isso... tu é um amigo muito importante pra mim, meu melhor amigo

Em várias linhas dessa tua postagem, eu pensei que tu estava falando de um assunto, daquele assunto que tu conhece, e que estavamos falando a 5 minutos atras, no MSN, acho que foi isso que fez tu escreve, até sobre o egoismo, sobre aquela pessoa neh?! posso estar errada mas acho que nao...

Tambem percebi que tu, sutilmente, condena algumas atitudes minhas, mas no fundo tu ate entende porque eu faco certas coisas, nao sei se vou continuar ou nao, mas queria que tu soubesse que eu levo a tua opiniao em consideracao... as vezes eu "preciso" fazer certas coisas que podem nao parecer certas, mas que pra mim nao tem mal nenhum, quer dizer, as vezes tem... ah nao sei mais, mas tu sabe o que eu quero dizer neh?!e sobre o que estou falando... conversamos bastante sobre isso um dia desses, lembra?!

Bom, queria que tu soubesse que eu te adoro, que tudo que esta escrito no caderninho é verdade e que tu pode conta comigo sempre, pra qualquer coisa.
Milhoes de beijos!!!!!!
P.S desculpa ter escrito tanto

3:03 PM  
Anonymous Anonymous said...

nada polemico teu texto, é a pura verdade.

todos sabem que o ser humano é egoista e hipocrita.
não ha nada errado em ser egoista, porque o mundo é e é assim que funcionam as coisas.

a nossa conversa do msn ta cheio de exemplos que eu estou com preguiça de digitar

6:02 PM  
Blogger Felipe Rijo said...

hmmm... o assunto é bem bom. Concordo plenamente que todas as ações humanas voluntárias são motivadas pelo egoísmo.

Essa linha de egoísmo psicológico foi proposta primeiramente por Max Stirner, em 1844, e também afirmava que o interesse próprio é a força que guia todas as ações humanas, inclusive as mais altruístas delas (se jogar encima da granada pra salvar o amigo, ou algo assim)

Freud já dizia que as pessoas escolhem suas atitudes baseadas na maximização do prazer e na minimização do 'desprazer'. Essa teoria foi levantada pela primeira vez no seu livro 'Além do Princípio do Prazer', de 1920. Se por um acaso o que vai produzir a maior quantidade de prazer é um ato altruista, é o curso de ação que será tomado, mas não pelo altruismo em si, mas sim pelo 'warm fuzzy glow' que a pessoa sentirá por ter feito aquilo.

A crítica a essa teoria é que esse 'warm fuzzy glow' que as pessoas sentiriam não é possível de ser quantificado ou sequer comprovado, portanto não se pode provar que todas as ações altruístas seriam motivadas por interesse próprio.

O assunto é muito profundo e eu acho que a motivação dele deve ter sido alguma coisa muito mais rasa, mas...

3:31 PM  
Blogger Adriana PS said...

Felipe, tu esqueceu de citar Joey. No quarto episódio da quinta temporada ele fala para Phoebe:

"There are no selfless good deeds."

6:52 PM  
Anonymous Anonymous said...

Nando!
O egoismo é uma coisa necessária para a sobrevivência! A única questão é a interpretação real do termo egoismo. Fomos todos criados em uma cultura onde tudo é pecado!
pensar no prazer da gente é pecado! Esperar reconhecimento é pecado.... Portanto lá vai: manda a opinião dos outros prá aquele lugar... O que importa é que as tuas atitudes não prejudiquem ningúem ( não esquecendo que muitas vezes as pessoas vão se sentir prejudicadas, mas isso é escolha delas)pois isso vai fazer mal pra ti!
Quero mesmo te dizer é que amo as tuas atitudes... Nãote importa em fazer papel de bobo perante algumas pessoas. as pessoas que realmente importam vão saber que tu não és bobo. Um beijo Mãe

6:34 PM  
Anonymous Anonymous said...

"vocês dependem de mim, mesmo que não admitam ou nem sequer saibam"

You little dirty puppeteer =P

3:08 AM  
Anonymous Anonymous said...

Hmmmm...
É interessante notar os gostos e anseios de uma pessoa.
Eu particularmente, por mais que o senhor diga que não, não procuro reconhecimento em atitudes COMO à em questão.
Mas claro, todos, ou pelo menos a grande maioria esmagadora da sociedade gosta de um certo reconhecimento em pelo menos uma insignificante tarefa, mas não quer dizer que seja em todas.

11:34 PM  
Anonymous Anonymous said...

"a" não craseado, pq eu craseei?!??!

Nem percebi!

11:37 PM  

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