cogito ergo sum
"Ainda que não possa afirmar ao certo o que despertou o meu interesse pelos fundamentos neurais da razão, recordo-me claramente de quando me convenci de que a perspectiva tradicional sobre a natureza da racionalidade não poderia estar correta. Fui advertido, desde muito cedo, de que decisões sensatas provêm de uma cabeça fria e de que emoções e razão se misturam tanto quanto a água e o azeite. Cresci habituado a aceitar que os mecanismos da razão existiam numa região separada da mente onde as emoções não estavam autorizadas a penetrar e, quando pensava no cérebro subjacente a essa mente, assumia a existência de sistemas neurológicos diferentes para a razão e para a emoção. Essa era então uma perspectiva largamente difundida acerca da relação entre razão e emoção, tanto em termos mentais como em termos neurológicos."
--Antônio Damásio, introdução de 'O Erro de Descartes'
A sociedade Ocidental moderna (não digo Oriental porque não conheço) criou-se baseada nesta grande premissa, de que a razão vivia em um mundo isolado da emoção e vice-versa. O cérebro versus o coração, o corpo versus a mente. Esta dualidade se extende a diversos campos do conhecimento, passa por duelos humanas x exatas, técnica x sociedade.
Desde pequenos somos condicionados a observar o mundo dessa forma. Temos as disciplinas de matemática, ciências, e, no outro extremo, os chamados "estudos sociais". Depois, passamos a transitar no meio das humanas em contraponto às exatas. Acontece que não funciona assim. A matemática e a física permeiam a História e as Artes de maneiras tão evidentes que seria necessário uma cegueira mental (ou uma vontade de não enxergar) tremenda para não se dar conta. Da mesma forma, temos manifestações "humanas" no âmago de situações convencionalmente chamadas de "exatas" em todos os lugares.
A razão e a emoção não são como duas armas diferentes dentro da gaveta de nossas mentes, das quais devemos escolher uma ou outra para resolver determinada situação, baseados na conveniência. Elas não são coisas diferentes. Não existe a situação em que uma pessoa esteja se desenvolvendo de forma excessivamente racional, nem o contrário. O que existe é simplesmente uma pessoa se desenvolvendo e agindo conforme o que tem dentro de seu ser. E o que há dentro deste ser é um ou mais mecanismos de resolver problemas, de transitar em meios. Estes mecanismos envolvem o uso de decisões lógicas, que podem parecer "racionais" e estímulos instintivos, que podem ser interpretados como "emocionais". Mas na verdade os mecanismos são um só. Não há um meio "errado" de se agir, por se exagerar em atitudes racionais ou emocionais. São abordagens alternativas, que utilizam o mesmo self para se manifestarem, e são portanto a mesma coisa. Pessoas que insistem em separar estes dois "extremos" demonstram uma infantilidade diante do mundo que chega a ser quase dolorosa. Separações e padronizações como esta são convenientes para o desenvolvimento de sistemas simples e bonitos, ótimos recursos acadêmicos. Mas infelizmente o mundo não foi feito para ser ensinado, e as coisas não são tão simples.
PS: Se alguém lê esta coisa, comentem POR FAVOR! Porque quando eu não escrevo nada reclamam e quando eu escrevo ninguém se manifesta.
--- Seção "Do dia" ---
Música do dia: Dusty Springfield - Son of a Preacherman
Piada do dia:
*Como os átomos atendem ao telefone?
-Próton?
*Como as células se reproduzem?
Uma enzima da outra.
*O que disse uma célula para a outra?
Cromossomos felizes!
*Como as células se locomovem?
De motocôndria
(parecem muito idiotas, mas me fizeram passar em Ciências na 5a série ;) )
Fato imbecil do dia: Ligaram aqui pra casa pedindo um cardápio por fax. Acho que nos confundem com uma pizzaria...?
Frase do dia: "Veja só! Eu sou o mágico da alegrolandia fazendo todo mundo feliz na cidade de chicletes numa casa de pirulitos!
E por falar nisso, eu estava sendo sarcástico"
Homer Simpson
11 Comments:
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Claro que tu tem comentários! Heheh
Mas...depois falam em informática educativa, quando na verdade as pessoas não se dão conta que colocar as pessoas na frente de um computador não adianta de nada. A verdadeira revolução na educação deveria ter acontecido há muito tempo atrás, e não tem nada a ver com computadores.
It is indeed the size of a planet...
Sabes porque recebes poucos comentários? É que teus postings estão ANOS à frente (e não são poucos) da maioria dos teus colegas de faixa etária.
A objetividade e a concisão de teus textos é de dar inveja a muito marmanjo da minha idade que eu conheço. Acho que os adultos que os lêem só não escrevem comentários para não "invadirem a tua praia".
Podes ficar tranqüilo que a redação do vestiba já tá garantida!
Nando Estou só fazendo um teste prá ver se agora eu acerto
1. You still have some bots on...
2. 3330-8583 é o da pizzaria...
3. A "coisa" faz sentido, e de um modo geral, é por aí mesmo. A questão que se coloca, a rigor, é saber até que ponto um indivíduo está "praticando" isso razoavelmente bem. Pra isso, pode-se observar o tipo de resultados que ele está obtendo em sua vida. Quais são seus sucessos na área racional? E seus insucessos? Está tirando aprendizados destes últimos? E na área emocional, quais são seus sucessos, insucessos e aprendizados? Onde está o maior desbalanceamento? Ele está mudando o que fazia no lado que tinha insucessos, visando diminuir seus erros?
A teoria é uma forma de ajudar-nos a entender o que ocorre nos fenômenos; pra fazer esse entendimento se transformar em prética, é preciso vontade de mudar as coisas que deram errado.
mmmmm... ok.
Nando
agora que eu sei como fazer devo te dizer que sou da mesma opinião do DIndo! è realmente uma lástima que muitas pessoas vivam de teorias.... na prática só alguém maduro como tu pode entender e praticar.... Segue assim e verás o pleno sucesso tanto racional como emocional. Um beijo mãe
Eu ainda não entendi como achar que as células se movimentam de motocôndrias te ajudou a passar na 5ª série =P
Oooh late comment. Sorray.
Oi Fernando... Comentaste no início deste post que a cultura ocidental fazia a distinção razão/emoção, e que não podias comentar sobre a cultura oriental... Bom, essa distinção é fruto do sistema filosófico ocidental mesmo, e a filosofia oriental nunca se preocupou muito com isso. Principalmente porque o conceito de "eu" deles é fundamentalmente diferente do nosso. Para eles, a distinção razão/emoção não seria apenas incorreta: seria inconcebível. Principalmente porque eles partem de outros princípios, de outro conjunto de dogmas, onde o "eu", basicamente, não existe. Pelo menos não como nós, como ocidentais, estamos acostumados. E esse conceito é compartilhado pelas maiores religiões orientais (que é como se faz filosofia aqui): hinduismo, budismo, taoismo, etc. Enfim, gostei muito do eu post, pena eu só ter lido agora. [ ]'s
a frase que tu postou:
"Veja só! Eu sou o mágico da alegrolandia fazendo todo mundo feliz na cidade de chicletes numa casa de pirulitos!
E por falar nisso, eu estava sendo sarcástico"
é de qual episódio do simpons??
tenho procurado a dias, apenas em teu blog consegui encontra-la!!!
Eh Nando!! Episodio Moe's flamejante... ri mto com homer!!
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